domingo, 18 de novembro de 2012

Dos rabiscos nas cavernas à escrita digital


Artigo| Dos rabiscos nas cavernas à escrita digital

17 de novembro de 2012
"Nada do que foi será,
De novo do jeito que já foi um dia,
Tudo passa, tudo sempre passará."
(Nelson Motta)
A língua
ontem, hoje
e amanhã
não será
a mesma
do que já
foi um dia
Assim, também a língua, com decorrer do tempo, não é do mesmo jeito que já foi um dia. Na história da humanidade, as populações vencidas assimilaram a língua dos vencedores. Também os costumes, os estilos de vida, são causas da evolução da linguagem humana. Muitas palavras que foram usadas pelos nossos antepassados são hoje desconhecidas das novas gerações: janota (que se veste no rigor da moda); pé de alferes (ato de namorar, cortejar); debaixo do balaio (namoro secreto); camisa de onze varas (ficar em situação difícil); não cair de cavalo magro (não se dar mal com as coisas que não valem a pena). Outras expressões como: entrar no couro (apanhar), arear os dentes, fazer o quilo (caminhar para fazer a digestão), já não fazem mais parte de nosso vocabulário ativo, porque, com a evolução, com novos comportamentos da sociedade e com a própria legislação que resguarda a criança de maus-tratos, tais expressões perderam seu sentido no contexto atual. Tudo passa, tudo sempre passará.
Com o advento de novas tecnologias, com a afloração das relações comerciais, políticas e culturais, os empréstimos e estrangeirismos, considerados, durante muito tempo, como perturbações anômalas; hoje são aceitos como "um fato normal" de mudança. Com o uso de aparelhos e brinquedos eletrônicos, crianças, jovens e adultos já incorporam termos da língua inglesa em seu acervo linguístico. São, também, aceitas todas e quaisquer mudanças. É normal o empréstimo em seu sentido genérico, como são também normais as ações da gíria nas manifestações humanas.
Assim, dos rabiscos primitivos, o homem chegou à escrita digital. A língua ontem, hoje e amanhã não será a mesma do que já foi um dia. Ao falante, ao usuário da língua, cabe escolher e adequá-la a cada situação de comunicação, sem perder de vista sua principal finalidade e intenções de expressar pensamentos, opiniões, sentimentos e reflexões sobre a vida e o mundo.
Maria T. Lunardini
*Professora estadual aposentada, mestre em Educação

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